OIC estima superávit de oferta de café de 1 mi scs para 2023/24

420
café

   Porto Alegre, 5 de dezembro de 2023 – A produção global de café no ano-safra 2023/24 (outubro-setembro) deverá totalizar 178 milhões de sacas de 60 quilos, alta de 5,8% na comparação com 2022/23 (168,2 milhões de sacas), disse a Organização Internacional do Café nesta terça-feira em seu relatório semestral de acompanhamento do mercado.

   Já o consumo global de café em 2023/24 deverá atingir 177 milhões de sacas, com alta anual de 2,2% (173,1 milhões de sacas em 2022/23). Com isso, o mercado global de café deverá ter superávit entre a oferta e a demanda na ordem de 1 milhão de sacas em 2023/24, após um déficit de 4,9 milhões de sacas observado em 202/23.

   Conforme a OIC, a produção mundial de café aumentou apenas 0,1%, para 168,2 milhões de sacas, no ano cafeeiro de 2022/23. A taxa de crescimento estagnada esconde as tremendas mudanças a nível regional, com o mundo cafeeiro nitidamente dividido entre as Américas em expansão e o resto do mundo em contração.

   As reduções de produção de 4,7% e 7,2% na Ásia e Oceania e na África, para 49,84 milhões de sacas e 17,9 milhões de sacas, respectivamente, podem ser atribuídas a condições climáticas adversas que afetam negativamente os principais produtores das regiões, especialmente Vietnã, Costa do Marfim e Uganda. A magnitude da queda na produção das duas regiões foi inteiramente mitigada pelas Américas, especialmente pelo aumento de 4,8% na América do Sul, que por sua vez foi impulsionado principalmente pelo aumento bienal de 8,4% na produção do Brasil. A produção combinada das Américas foi de 100,5 milhões de sacas.

   A divisão entre as Américas e o resto do mundo também se refletiu na divisão da produção entre Arábicas e Robustas, com a produção dos primeiros aumentando 1,8%, para 94,0 milhões de sacas, em comparação com a redução de 2,0% dos últimos, para 74,2 milhões de sacas.

  Olhando para o futuro, espera-se que a produção do ano cafeeiro de 2023/24 aumente 5,8%, para 178,0 milhões de sacas, com a produção dos Arábicas aumentando para 102,2 milhões de sacas e a dos Robustas aumentando para 75,8 milhões de sacas.

   Segundo a OIC, o efeito da produção bienal desempenhará um papel importante nas perspectivas, especialmente para o Brasil e os Arábicas, à medida que o impacto da geada de julho de 2021 continua a ser resolvido. Prevê-se que o ano cafeeiro de 2023/24 seja um ano extra-bianual excepcional, parecendo mais um bom ano bienal após um ano bienal médio. As condições climáticas adversas observadas pela primeira vez em 2022 e que continuarão em 2023 terão um impacto negativo nas perspectivas para o ano cafeeiro de 2023/24. O previsto fenómeno El Niño deverá prejudicar as perspectivas na Ásia, especialmente para países como a Indonésia. Entretanto, espera-se que o Vietnã se beneficie do clima mais seco/quente, uma vez que a irrigação atenua a redução da precipitação.

   A indústria cafeeira mundial continua a resolver os problemas trazidos pela pandemia da COVID-19, com a tendência de consumo seguindo um padrão estabelecido em resposta a um choque externo. A expectativa para o ano cafeeiro de 2022/23 era de uma taxa de crescimento positiva menor; no entanto, o consumo mundial de café registou efetivamente uma diminuição de 2,0%, para 173,1 milhões de sacas.

   O consumo no ano cafeeiro de 2022/23 não seguiu fielmente o padrão estabelecido devido ao impacto do elevado custo de vida, da queda dos rendimentos disponíveis e de uma longa redução dos estoques. Apesar do café ser relativamente inelástico, o difícil ambiente econômico global teria tido um impacto negativo no seu consumo. A taxa de inflação mundial atingiu o seu nível mais elevado em 2021, com 9,4%, enquanto a taxa de juro de referência média situou-se em média em 4,9% no final de setembro de 2023 na União Europeia, no Reino Unido e nos EUA, o nível mais elevado desde uma média de 5,8% em 2000. Ao mesmo tempo, houve uma grande redução de estoques com estoques combinados relatados pela Federação Europeia do Café e aqueles mantidos nos armazéns da Intercontinental Exchange nos EUA caindo para 4,8 milhões de sacas, de 14,5 milhões para 9,8 milhões. Esta redução teria reduzido a necessidade de compras no mercado internacional, aparentemente refletida em taxas de consumo global mais baixas e anómalas para o ano cafeeiro de 2022/23.

   As perspectivas do consumo mundial de café para o ano cafeeiro de 2023/24 são amplamente enquadradas pela suposição de que a economia global continuará a crescer acima de 3,0% e que a indústria responderá à grande redução dos estoques, o que será refletido positivamente

no consumo aparente. Como resultado, espera-se que o consumo mundial de café cresça 2,2%, para 177,0 milhões de sacas, com os países não produtores a darem a maior contribuição para o aumento global. O consumo de café neste grupo de países deverá crescer 2,1%. Como resultado, espera-se que o mercado cafeeiro mundial registe um excedente de 1,0 milhão de sacas no ano cafeeiro de 2023/24.

     Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS

Copyright 2023 – Grupo CMA