Suinocultura espera manter exportação aquecida em 2020

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     Porto Alegre, 3 de janeiro de 2020 – A suinocultura brasileira inicia 2020 com perspectivas muito otimistas em termos de demanda, tanto no cenário interno quanto na exportação. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Allan Maia, as vendas de carne suína devem seguir bastante aquecidas, novamente puxadas pela China. “Este mercado contará ainda com um grande déficit de oferta, consequência da peste suína africana. A recomposição do rebanho do país asiático acontecerá de maneira lenta, por conta do ciclo produtivo, de aproximadamente dois anos, além das incertezas em torno da enfermidade, que ainda não foi totalmente erradicada do país, trazendo temor a boa parcela dos granjeiros locais”, explica.

     Maia destaca, por outro lado, que os exportadores brasileiros podem passar a contar com uma maior presença de concorrentes. “Recentemente a China reabriu o Canadá depois de um embargo que durava quatro meses, ocorrida pela presença de ractopamina em lote de carne suína enviada ao país asiático”, avalia. “Também a União Europeia já aparece com um grande fornecedor de carne suína à China”, acrescenta.

     Ainda segundo o analista, o acordo comercial entre Estados Unidos e China também é um ponto relevante. “A China se comprometeu a importar um grande volume de commodities agrícolas norte-americanas, incluindo a carne suína. Os norte-americanos já estão exportando grandes volumes para a China. Vale destacar que o rebanho e a produção norte-americana estão em patamares recordes este ano, o que permitirá incrementos expressivos nos números dos seus embarques”, sinaliza.

     Maia acredita que, apesar da maior concorrência, o Brasil deve continuar vendendo bons volumes para os chineses em 2020, ampliando os números em relação à 2019, porém, com um crescimento mais distante. “Um ponto que limita um crescimento acentuado das exportações é que as plantas frigoríficas brasileiras já habilitadas estão trabalhando com sua capacidade em um nível elevado. A aprovação de novas plantas seria a saída, contudo, ainda há o uso da ractopamina em várias localidades do Brasil e uma adequação neste ponto é necessária”, comenta.

     Segundo previsões de SAFRAS & Mercado, a expectativa é de as exportações da carne suína possam crescer significativamente em 2020, chegando a 801,333 mil toneladas, 13,8% à frente das 704,379 mil toneladas embarcadas no ano passado. “Esperamos um salto expressivo nos embarques nos três primeiros meses do ano, superando a marca de 20%”, pontua.

     Quanto à demanda interna, o analista afirma que a perspectiva é de avanços em 2020, acompanhando o incremento esperado na produção, em linha com a retomada do crescimento da atividade econômica brasileira. “A expectativa de SAFRAS & Mercado é de que a produção de carne suína possa chegar a 4,718 milhões de toneladas neste ano, superando em 4,7% os números registrados no anterior, de 4,506 milhões de toneladas”, projeta.

     Para o analista, o nível de emprego tende a seguir em alta neste ano, o que é favorável para que o consumo de carne suína possa avançar também. “Projetamos para 2020 um aumento de 3% no consumo interno de carne suína, que passaria de 3,801 milhões de toneladas para 3,917 milhões de toneladas”, conclui.

     Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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