Porto Alegre, 03 de janeiro de 2020 – Após um ano singular em 2019, com preços recordes para o boi gordo em todas as regiões produtoras do Brasil, o cenário desenhado para 2020 também é muito positivo, tanto para pecuaristas como para frigoríficos. “O estreitamento com o mercado chinês resultou em mudanças profundas na pecuária de corte brasileira”, diz o analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias. O volume de carne bovina exportado ao gigante asiático já apresentava sinais de forte avanço em 2018, mas no segundo semestre de 2019 houve um salto ainda mais impressionante, após a habilitação de diversas unidades frigoríficas para os embarques rumo aos portos chineses.
“O resultado prático do expressivo crescimento das exportações foi um descolamento dos preços em toda a cadeia pecuária, de maneira uniforme e agressiva. A oferta limitada de animais terminados, prontos para o abate, no decorrer do segundo semestre, também justificou o movimento”, assinalou o analista.
O patamar de preços que excede a marca de R$ 200 por arroba de boi gordo tem potencial para se estabelecer em 2020, avaliando o represamento dos preços nos últimos três anos, nos quais não houve espaço para altas. “Toda a volatilidade no mercado de carne bovina teve como consequência um forte movimento de alta nas proteínas animais concorrentes, diante da latente dificuldade do consumidor final em absorver seguidos reajustes de um mesmo alimento. Assim, não houve alternativa ao consumidor médio que não migrar para as carnes de frango e de porco”.
Projeções da consultoria SAFRAS & Mercado apontam para novo crescimento das exportações de carne bovina em 2020, puxado novamente pela demanda pujante da China e por uma modesta alta na produção doméstica brasileira. Os embarques deverão totalizar 2,8 milhões de toneladas, contra 2,6 milhões de toneladas (+6%) em 2019. Já a produção de carne bovina deve atingir o patamar de 9,46 milhões de toneladas, um crescimento de 1,9%.
O quadro de oferta e demanda interna não deve apresentar mudanças substanciais na comparação com 2019, o que oferecerá suporte aos preços domésticos. “Apenas uma retração repentina e intensa nas exportações pode mexer nesse cenário, pois certamente acarretaria em queda dos preços domésticos”, pondera Iglesias.
Em um ambiente altamente favorável às exportações, com uma demanda aquecida diante de uma perspectiva do real operando entre as bandas de R$ 3,90 e R$ 4,10 por dólar no ano de 2020, é muito provável que os frigoríficos seguirão muito focados no mercado externo. “As receitas, também, apresentaram um interessante incremento ao longo de 2019, com indícios que o ano de 2020 será novamente pautado por crescimento”, finaliza.
Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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