Perspectivas de estabilidade financeira permanecem frágeis – BCE

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BCE

Porto Alegre, 22 de novembro de 2023 – Segundo a Análise da Estabilidade Financeira de Novembro de 2023, publicada hoje pelo Banco Central Europeu (BCE), as perspectivas para a estabilidade financeira da área do euro continuam frágeis, uma vez que condições mais restritivas se propagam cada vez mais para a economia real num ambiente de fraco crescimento, inflação elevada e tensões geopolíticas intensificadas.

As fracas perspectivas econômicas, juntamente com as consequências da inflação elevada, estão prejudicando a capacidade das pessoas, das empresas e dos governos de pagarem a sua dívida, afirmou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos. É fundamental que permaneçamos vigilantes à medida que a economia transita para um ambiente de taxas de juro mais elevadas, juntamente com incertezas crescentes e tensões geopolíticas.

Outro detalhe é que os mercados financeiros e as instituições financeiras não bancárias continuam a ser altamente sensíveis a novos desenvolvimentos negativos e as suas vulnerabilidades poderão ficar expostas a surpresas negativas nas condições econômicas. “Ao mesmo tempo, os fundos de investimento e outras instituições financeiras não bancárias continuam vulneráveis aos riscos de liquidez, de crédito e de alavancagem. Isto realça a necessidade de reforçar a sua resiliência numa perspectiva macroprudencial”, diz um trecho do relatório.

Embora as condições financeiras e de crédito mais restritivas se traduzam cada vez mais em custos mais elevados do serviço da dívida, o impacto total na atividade econômica ainda não se concretizou, dada a extensão geral dos prazos de vencimento dos empréstimos nos setores econômicos, quando as taxas de juro eram muito baixas.

Tanto os setores financeiros como os não financeiros poderão enfrentar desafios futuros à medida que estes custos aumentam. Este efeito já é visível nos mercados imobiliários da área do euro, que estão registrando uma recessão. Nos mercados imobiliários residenciais, a descida dos preços foi impulsionada pela deterioração da acessibilidade à medida que os custos de

financiamento hipotecário aumentam. Já nos mercados imobiliários comerciais, os efeitos do aumento dos custos de financiamento foram reforçados pela procura estruturalmente menor de imóveis de escritório e de retalho na sequência da pandemia.

De acordo com o documento, os bancos da área do euro se mostraram resilientes aos choques desde a pandemia e a sua rentabilidade tem aumentado. Ao mesmo tempo, enfrentam ventos contrários provenientes de três fontes principais. Em primeiro lugar, espera-se que os seus custos de financiamento aumentem à medida que transferem gradualmente taxas de juro mais elevadas para os depositantes e a composição do seu financiamento passa dos depósitos à ordem para depósitos a prazo ou obrigações mais caros.

Em segundo lugar, é de esperar que a qualidade dos ativos bancários seja prejudicada devido a uma combinação de custos mais elevados do serviço da dívida e de um ambiente macroeconômico fraco. E terceiro, a rentabilidade dos bancos terá de enfrentar uma queda substancial nos volumes de empréstimos resultante de taxas de empréstimo mais elevadas, juntamente com uma menor procura de empréstimos e padrões de crédito mais rigorosos.

Globalmente, o sistema bancário da área do euro está bem colocado para resistir a estes riscos. As autoridades macroprudenciais aumentaram os requisitos de reservas nos últimos meses para tornar os bancos mais robustos. Para ajudar a salvaguardar a resiliência do sistema financeiro, as autoridades macroprudenciais devem manter reservas de capital juntamente com as medidas existentes baseadas nos mutuários que garantam padrões de crédito sólidos para facilitar aos bancos a navegação na viragem do ciclo financeiro.

Contudo, é essencial que as restantes reformas de Basileia III sejam implementadas fielmente e que a união bancária seja concluída. Ainda é necessária uma resposta política abrangente e decisiva para resolver as vulnerabilidades estruturais no setor financeiro não bancário, decorrentes, por exemplo, do risco de liquidez ou da alavancagem, para aumentar a resiliência do sistema financeiro. Com informações da Agência CMA.

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Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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